
Eu acredito em mágicas,
e coisas e pessoas especiais na vida,
a tudo que eu me busco merecedor,
entre a terra e o céu,
que possa me favorecer a felicidade.
Eu suspeito porque não consigo entender
que os mares, nos domingos ensolarados,
são mais verdes do que nunca,
mas só ao entardecer.
Acho possível e considerável a realidade que vai
revelar-me o astro lá em cima, outra realidade, atrasada,
e que bem possivelmente estará apagada.
Por isso vivo neste lugar por um instante que é devanescente:
entre os últimos raios solares, a briga com as trevas arrogantes,
que chegam tomando por direito seu espaço, naquela equilibrada luta
entre forças igualmente ameaçadoras e poderosas,
- pois que sob a luz diluída as cores se mostram mais sensuais,
mais apelativas, as fragrâncias liberadas no frescor do fim da tarde,
onde é maior a umidade de tantos perfumes e aromas, que
sentir-se úmido, lúbrico, no meio destes matos, destas flores,
sentir a pele pinicar sendo picado por diversos insetos pequenos,
enquanto os instintos inflamam a carne fremente, desejosa, espasmódica,
no cio dos animais, pode ser deliciosamente delirante...
Francisco Vieira
30/11/10