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Sou descrente, falei, enquanto ela,no seu sorriso, inundava de luz.E tem mais: sou um embuste,enquanto ela, sorrindo, coloria o dia,como quem enchia a tela de aquarela.Minhas pétalas são apenas folhas modificadas,e não têm cor, apenas respondem ao seu estímulo(sorria, mas não era uma continuação:um sorriso dentro do outro, como ondas)de maneira que a todos encantocom uma mentia cheirosa, adocicada.Então seu sorriso morreu fundo no meu cálice.Aceito, desabrochei tranquilo, esférico.Francisco Vieira22/01/05
Vislumbrei a mesma químicacoexistindo nos ferros direcionantes do bonsai,e na vontade da mãe de Jean Harlow.Francisco Vieira09/11/00
Sou solúvel, é meu destino,dissolver-me nas crenças do menino.Não espero nem desespero,desesperar é esperar.Antes porém do contato dissolvente,eu já desaprovava o desgosto da dissolução,confundido no meio líquido da dor,liquefeito, desparticularizado, neutro.Estado confuso, homogêneo, então simples,na vida comum dos meios fios, meios solventes.Detergente. Água com óleo digerido.Assim brindo sem entusiasmo minha taça,volvo à sacada e, retido pela murada,derramo o conteúdo borbulhante na calçada.Francisco Vieira30/12/04
Desacelerei o passo(sim, sem me preocuparcom a energia que foi necessária para dartal velocidade à marcha,na verdade despendendomais energia ainda)você atrás de mim(como pudemos deixarde notar meu passosempre à frente de nós)e a porta já fechada quando eu chegara(nenhuma pressa, nenhumaque advenha de talmotivo: eu não quererestar do seu lado)choverá hoje?Francisco Vieira26/02/05