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Por que na calada da noite,quando os astros discretos não se importamem fazer descobrir os que se escondem sob a sombra,tramando e observando e estudando e investigando?Por que nos silêncios argênteos, por entre as frestas,entre as dúvidas e hesitações das gentes de bem,por que para surpreender, por que pelas costas,por que mentir, por que insinuar, por que manipular?A verdade, só e única, é a luz que te afugenta, rápida,para os buracos do subsolo, para as solitárias alcovas de terra,onde te guardas dos olhares curiosos, que o teu desamor atrai, por te fazer tão repulsivo e vil.A verdade é o sol brilhante que te impuserao retiro para a clandestinidade da tua miséria consentida,onde te rastejas a própria forma quase humana,impulsionado por culpa tão implacável e insana.Francisco Vieira10/01/11
Quero me despir de tanta carne que me sou,chegar depois da pele, onde já não sinto frio nem calor,onde posso assistir os impulsos dos movimentos que não fiz,contidos e segurados dentro da minha carne.Eu quero descobrir minhas vísceras, expô-las,quero olhá-las simplesmente a brilhar na luz,eu que até ainda apenas e tão somente pudera senti-lase com a mão tateá-las, apertando, para então descobrironde é que ficavam exatamente aquelas dores.Arranco-as porque não quero mais dor,arremesso-as de mim, catatônico,no auge da mais extrema dor e da mais calada paz.Arranco as carnes também, arranco os olhos,e assim despido, cego de todo domínio que eu exercia,de ver brilhar na chama do fascínio, em seus olhos,
o meu perfil pomposo, arrogante,deixo que me vejam, aquela platéia, os ossos,em toda a sua fragilidade rosada, antes de perder os sentidos,definitivamente,descubro que, infelizmente, esse era o lugar onde eu mais habitavaem mim.Francisco Vieira09/01/11