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É impressionante a visão do teu reinado:
onde tua voz tonitruante, embora baixa, alcança,
tudo se faz o silêncio e a obstinação da besta apavorada.
A quem te interpela o que queres esconder,
teu olhar metálico e bondoso cala, quiçá emudece,
numa curta cãibra eterna e dolorida, a língua.
Não dizes a ordem que obedecem todos que te ladeiam,
matando fundo quem ousa contra ti se inquirir,
com as armas mais vis, mais desprezíveis, mais procrastinadas:
a dúvida, a incredibilidade, a intriga muda...
Nessa tirânica passividade onde gordamente te sentas,
onde pouco expressas e sentes, ou falas,
morrem esmagadas a espontaneidade e a alegria alheia.
Embora não seja essa a visão trêmula e irritante,
que cega todo olho humano e comum:
mas a tristeza abismal onde calcas toda a tua arrogância.
Francisco Vieira
30/08/10
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