sábado, 10 de março de 2007

VASO COM CRAVOS E GOIVOS

Dispus-me a arranjar as flores no vaso sobre a nessa certa um canto exato do quarto e assim é que quero sejam elas notadas, vistas, enxergadas, desprezadas, lidas, respiradas, tocadas até, mas jamais se deverá mudar a sua disposição. Quando nasce poesia assim, pronta, guarnecida até da luz necessária para se ver ou não ver, para mostrar ou insinuar, para chocar ou enternecer, é uma afronta nela se intrometer, pois que a obra surgida nada deve àquele que a criou, por ser livre, absoluta, plena! Outros a recriem! Disvirtuem-na! Mas nada mude seu contexto, tessitura: a exata localização da obra dentro da obra que é o que a revela realmente. Onde esteve até então escondida? Claro, nas tintas, pincéis que fiel-mente misturaram-se emprestando mínimos encantos para formar tão todo. Se assiná-la, digam que enlouqueci.


Francisco José
21/02/00