sábado, 7 de agosto de 2010

Polviho Azedo

Polvilho Azedo


Onde você está?
Na distância do meu eco moribundo,
na vastidão da minha incompleta solidão,
no desvalor que me imponho todo dia, desde o nascer do sol,
onde nada brota na pedra árida, na areia seca, na poeira fina,
eu clamo a tua vinda, eu brado pela tua vida!

Eu quero você junto a mim, vem!
A minha paisagem há de se nutrir da sua vinda,
A minha desesperança há de se acomodar na sua vida.

Não tente me convencer do contrário.

Francisco Vieira
07/08/10

Perdoa-me (Eu descendo os degraus)

Ato I


A extensão do que para mim é a expressão máxima de toda tua miséria humana
e que então dispõe toda a minha frágil tentativa delirante
de não terminar os dias que me findam na tua companhia.
De não te adivinhar nas fímbrias mais recônditas da alma minha,
de te reconhecer na sordidez onde possa mergulhar, a mais canalha,
de ver o teu rosto em fim no espelho onde me procuro no reflexo!

Não te odeio.
Nem sequer tenho desafeto por você:

eu não suporto me enxergar desta forma na clareza excessiva da luz que vem de você.

Francisco Vieira
07/08/10