sábado, 9 de abril de 2011

Proteção








Cheiro de sabonete amolecido no cocho.
Alguém banha o corpo nas redondezas.
Um corpo completamente entregue nu, à água que lhe escorre.
Aqui estou, e o banho já está no fim, e o escorrer da água cessando,
revela que ele já absorveu tanto, e está tão limpo,
que pode terminar tanta cessão de prazer.
A toalha desliza surda pelo corpo úmido,
não ouve o som do atrito contra esse corpo,
contemplativa que está ante a maciez desta pele.
A tolha pendurada no seu cabide, arrumada,
completamente encharcada de tanto líquido
daquele corpo honesto, morno, cujas intimidades ela conheceu,
se entrega ao peso da saciedade que se abate sobre seu corpo.
Fechado, úmido, nebuloso, escuro, deliciosamente cheiroso,
o banheiro é fechado, lacrado, com toda aquela sensualidade
lá dentro.


Francisco Vieira
09/04/11

Imagem disponível em http://tinyurl.com/3ncdntr em 09/04/11