quarta-feira, 8 de junho de 2011

Luz






- Matar baratas, como bem poderia ter dito Clarisse,
é a maneira mais simples e mais completa
de se experienciar a própria essência erótica
do assassinato, numa sua completa mística.

Mas qual, devolveria a própria Clarice,
é que você não teve a sorte de viver
para ver a era, mágica, em que as comidinhas
são vendidas com uns veneninhos
que as matam em sua necessidade primária
- a de comer.

Talvez qual, respondesse ainda Mourice,
que tal morte perpetrada assim,
nas pedras gélidas das escadas das catedrais,
chega a ser santa, santificada,
porque feita com o intuito muito perverso
de assassinar aquilo que lhe era um mal,
e a todo resto do mundo,
podia ser usada essa arma: o poder
-não importava ela fosse um ser vivo.

Responderia ainda, aquele que nome não deve ter,
que as mortes, todas, deveriam ser sequestradas
dos seus algozes que as pregam como um fim:
é exatamente o começo de um não saber, infinito.


Francisco José
08/06/2011


Imagem disponível em http://tinyurl.com/4y256xc em 08/06/2011