Naquele momento em que ele cantou,
Sem platéia, sem retorno, sem nada,
Foi a melhor de todas as vezes em que cantou.
Foi a melhor entonação, durante o tempo mais perfeito,
No lugar mais inesperado.
Naquele momento, num momento roubado do tempo,
O Homem foi mais feliz que Josefina, a cantora dos ratos,
Pudera ter sido, durante toda a sua vida.
Francisco Vieira
27/06/10
domingo, 27 de junho de 2010
O
Eu preciso de um olhar longo, que sustente o meu,
Que fique suave e marcante
Para que eu, entregue, sinta nos lábios mamilos gentis
Se unindo a algo dentro de mim que existe apesar de mim,
De nós inclusive,
Que preencha temporariamente
O enorme buraco que pesadamente eu carrego
Independentemente de onde vá, e com quem esteja,
Existência essa anterior a nós,
A qual eu tenho bem sentido
No frio granito que calou no meu ventre...
Francisco Vieira
23/06/10
Que fique suave e marcante
Para que eu, entregue, sinta nos lábios mamilos gentis
Se unindo a algo dentro de mim que existe apesar de mim,
De nós inclusive,
Que preencha temporariamente
O enorme buraco que pesadamente eu carrego
Independentemente de onde vá, e com quem esteja,
Existência essa anterior a nós,
A qual eu tenho bem sentido
No frio granito que calou no meu ventre...
Francisco Vieira
23/06/10
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Aquarela Marinho
Eu chego do laço
No traço do teu caminho.
Sento, fico, gosto, respiro...
Mas um passarinho passou voando
E eu me vi querendo poder ser livre...
Como faço para me livrar desse lasso?
Francisco Vieira
17/06/10
No traço do teu caminho.
Sento, fico, gosto, respiro...
Mas um passarinho passou voando
E eu me vi querendo poder ser livre...
Como faço para me livrar desse lasso?
Francisco Vieira
17/06/10
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Vento Oceânico
Eu deixo pedaços meus espalhados ao longo do teu caminho,
E às vezes borrifo no ar dois ou três perfumes entre espaços de tempo,
E outras tantas finco bem no chão minha pegada,
Um sussurro, um suspiro, um carinho, um doce,
Ainda insisto...
Se a lebre louca te encontrar pelo caminho e perguntar sobre o teu filho,
Diga que tem me visto...
Francisco José
14/06/10
O Gato
O Chapeleiro Maluco fez uma reverência à Rainha Branca. Bea ficou lisonjeada e acreditou que ele lhe pudesse fazer um chapéu. Carterpillar acendeu um novo cachimbo, assoprando ilusão no ar, e o Chapeleiro se foi. E eu ainda estou triste. Relembrei-me dos maus tratos da Rainha Vermelha. De fato ela estrangulou-me e uma das suas unhas rubras entrou-me na carne perto da jugular. Felizmente ela teve a sua atenção desviada e não finalizou o assassinato. Depois, mas bem depois, Caterpillar ressoprou-me e agora estou curado, depois de tanto tempo. Durante esta espera surda cuja existência eu ignorava, e que eu nem esperava, não sofri. Mas ainda agora que não deixo de sentir sua mão em aperto, compadeço-me, dessa história e de mim. Agora a Rainha Branca pode respirar mais esperança: Alice foi embora, mas o Chapeleiro talvez lhe faça um chapéu.
Francisco José
13/06/10
Francisco José
Considerações sobre o poço
Desespera-me a pressa da noite
que ameaçadoramente chega
e não é só uma ameaça: é ela
- que passa célere dentro de mim,
anoitece-me e me reparte:
Sou o oco denso desta repartição
a seção esdrúxula desta parte
da noite, onde os monstros podem existir:
Sou a parte rouca deste grito calado
a roupa rasgada na brusca ruptura
do dia , que se foi logo,
deixando-me abandonado, só.
Para quê chorar?
Sou a criança sob o peso desta noite úmida
que arvora-se ser minha educadora, mãe, tutora
e bebe a inocência dos meus olhos
apalpa-me numa súcia luxuriante
fala-me no rosto, mole, halitosamente seduz...
Quando solta-me no dia,
as flores calmas balouçam na brisa
descuidadas...
ainda trago respingada no rosto sua saliva grossa
de quem ouviu muito de perto,
de quem não respirou,
para quem nem todo o choro de vergonha contido no coração
fosse capaz de lavar tanto cuspe!
Francisco José
11/06/2010
que ameaçadoramente chega
e não é só uma ameaça: é ela
- que passa célere dentro de mim,
anoitece-me e me reparte:
Sou o oco denso desta repartição
a seção esdrúxula desta parte
da noite, onde os monstros podem existir:
Sou a parte rouca deste grito calado
a roupa rasgada na brusca ruptura
do dia , que se foi logo,
deixando-me abandonado, só.
Para quê chorar?
Sou a criança sob o peso desta noite úmida
que arvora-se ser minha educadora, mãe, tutora
e bebe a inocência dos meus olhos
apalpa-me numa súcia luxuriante
fala-me no rosto, mole, halitosamente seduz...
Quando solta-me no dia,
as flores calmas balouçam na brisa
descuidadas...
ainda trago respingada no rosto sua saliva grossa
de quem ouviu muito de perto,
de quem não respirou,
para quem nem todo o choro de vergonha contido no coração
fosse capaz de lavar tanto cuspe!
Francisco José
11/06/2010
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Xamã
"Nossa imaginação(...). Em suma, a gente sente o que vale quando alcança os outros na reta, ou mesmo os ultrapassa."
Goethe
Goethe
Tenho aprendido
a atribuir a mim mesmo
as qualidades e virtudes que eu projetava
no outro
e que eu desejava, sem consciência,
que me pudessem favorecer depois,
alimentar minha fome...
essa luz que eu perdia
está brilhando agora dentro de mim,
e quem sabe poderá refletir-se...
Francisco José
03/06/2010
quarta-feira, 2 de junho de 2010
FRASE DE CAMINHÃO
eu quero ser visto, amado e desejado...
eu quero momentos mágicos na minha vida!
Francisco José
02/05/10
terça-feira, 1 de junho de 2010
Cálculo
Na sua generosidade
não há generosidade mínima
no gesto em que você não aceita
a generosidade do outro
sendo mais generoso ainda!
Na sua generosidade
Francisco José
01/06/10
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