quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

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Eu passo no aço
Fino dos espaços vazios
Onde não corre o vento
Nem a água quando cai
A chuva, para chegar até você,

Deus


Francisco José & Nathália, 17 de dezembro de 2009.

domingo, 9 de agosto de 2009

O lugar

Pode ser que o melhor caminho para se chegar em determinado lugar seja completamente outro diferente daquele que fez o espectador ao descobrir o lugar.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Cante sua vida

À Mariah Carey, Celine Dion, Kafka...





Cante sua vida
Qualquer idiota consegue pensar em palavras que rimam
Muitos outros fazem
Por que não você?
Você quer?

Cante sua vida
Apenas vá até o microfone e nomeie
Todas as coisas que você ama
Todas as coisas que você detesta
Oh, cante sua vida
Oh, cante sua vida

Outros cantaram sua vida
Mas agora é sua chance de brilhar
E de ter o prazer de dizer o que você quer
O raro prazer de acreditar no que você canta
Ah, não se engane, meu amigo
Tudo isso vai acabar

Então, cante sua vida agora
Todas as coisas que você ama
Todas as coisas que você detesta
Oh, cante sua vida
Todas as coisas que você ama
Todas as coisas que você detesta

Oh, cante sua vida
Oh, cante sua vida
Não deixe tudo isso não dito
Em algum lugar na terra devastada de sua mente

E não se engane, meu amigo
Sua vida sem sentido vai acabar
Mas, antes que você vá embora
Você consegue ver a verdade?
Você tem uma voz adoravel, cantando
Uma voz adoravel, cantando
E todos aqueles
Que cantam afinados
Roubaram a noção de você e de mim।


Morrissey

sexta-feira, 12 de junho de 2009

10 pras 10

A lua está escondida atrás da casa.

A lua me lembra bruxaria.

A lua está escondida atrás da casa.

A lua me lembra bruxaria.

A lua atrás da casa está escondida.

A lua bruxaria me lembra.

A casa me lembra atrás da lua.

A lua me lembra atrás da bruxa.

A lua me bruxa atrás da casa.

A casa me bruxa escondida atrás da lua.

A bruxa atrás da lua escondida atrás da casa.

A casa bruxaria me lembra.

A lua atrás da casa está escondida.

A lua escondida na bruxa.

(Fran, Mi & Natália)

sexta-feira, 29 de maio de 2009

OSSA MEA

II


Mãos de finada, aquelas mãos de neve,
De tons marfíneos, de ossatura rica,
Pairando no ar, num gesto brando e leve,
Que parece ordenar, mas que suplica.

Erguem-se ao longe como se as eleve
Alguém que ante os altares sacrifica:
Mãos que consagram, mãos que partem breve,
Mas cuja sombra nos meus olhos fica...

Mãos de esperança para as almas loucas,
Brumosas mãos que vêm brancas, distantes,
Fechar ao mesmo tempo tantas bocas...

Sinto-as agora, ao luar, descendo juntas,
Grandes, magoadas, pálidas, tateantes,
Cerrando os olhos das visões defuntas.

Alphonsus de Guimarães

domingo, 8 de fevereiro de 2009

O Estrangeiro

Esse é um quarto escuro onde entro. Ele fica fechado à chave a maior parte do tempo em que estou fora dele. Lá fora, confesso que vivo assustado, com medo, em alerta, então bato e brigo para que eu pareça com alguém que não sou - aqui dentro. Mas é aqui que eu entro. É aqui que eu pertenço. A despeito de todo o que eu construir fora dele, ele sempre vai existir como um fantasma, uma alternativa ao meu caminho, uma mala esquecida e reencontrada no caminho para a América. É aqui que eu choro, onde eu tenho piedade de mim, do que me construiu - e desconstruiu. É aqui que eu tombo. Cansado, estranho, submisso - completamente submisso, mole atingível, molusco sem concha - essa é a concha. Aqui visualizo a Tristeza, essa pessoa que sempre esteve aí, sempre presente, me esperando, estando por mim. Agora eu não quero estar com ninguém, não quero que ninguém me dê a mão, nem seu ombro, agora já não preciso mais. Cada saída desse quarto, quando tento procurar outras alternativas mais felizes, traz voltas completamente desesperançosas pra mim. Eu volto roto, pobre, vazio, esfomeado, intranquilo. Infeliz. Apesar de que há uma remota certeza, como um código celular, de que eu vou achar o que preciso fora daqui. Então me distraio, enquanto a fala lenta e atenta e sedutora da Tristeza me consola... não é uma fala doada... é uma fala que busca, engancha, captura... e me aquece. Então me distraio, arrumando aqui, ali, outras coisas em questão, outros objetos soltos, únicos, plenos... Tudo pareceu sonho, e na conversa com a Morte, agora totalmente capturado e seduzido que estou, eu digo de coisas engraçadas e estranhas que pareço ter sonhado, que saía desse quarto, e ia, insolente, me arvorando estar de posse da minha vida e das conquistas das quais eu iria atrás. Ela me puxa suavemente, oferecendo seu colo morno, de uma tepidez quase artificial, onde deito, ao seu falar manso de sono, precisar, descansar, onde deita minha cabeça, onde durmo, pra sonhar talvez...

Francisco Vieira

07/02/2009