quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Suspiro







Óh vento intruso,
que segues forçando portas,
maçanetas,
onde está o dia em que tu
cessarás
de soprar
insistentemente
as coisas todas
que eu não consigo reter?




Francisco Vieira
31/08/2011

Imagem disponível em http://tinyurl.com/6eus7az em 31/08/2011

Caramelo




“O mito é o nada que é tudo”
Fernando




Eu posso estar morto.

E pode ser que esta suposta vida,
seja apenas a alucinação momentânea,
vivida no tempo que eu quiser,
resultado de uma pane elétrica,
causada no meu cérebro,
antes dele morrer.

Pode ser que nada disso seja realidade.
Pode ser que eu apague sem um fim aparente,
um fim que comunicasse,
pois pode ser que eu cometa o deslize
de não imaginar um fim,
dentro do tempo inexistente de uma faísca.

Tudo é essa viagem.




Francisco Vieira
31/08/2011

Imagem disponível em http://tinyurl.com/4ykc4ph em 31/08/2011

domingo, 21 de agosto de 2011

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Sabe que eu tenho medo?
daquelas horas vagas onde se estende
feito lençol pesado e puído
o silêncio que transborda tudo.

Quando então em nossa intimidade
nós dois, eu e tu, demônio, quando
então o deserto enorme onde vivemos
nos desencontrando
fica pequeno, e nós temos a oportunidade
de olhar
frente a frente nos nossos olhos uns dos outros.

Minha angústia de sempre,
é a dúvida se vou te vencer esta vez,
inda mais ultimamente onde venho
desesperadamente
entendendo que tu sempre te deixas vencer.

Esse desespero que observas,
naturalmente na maior facilidade,
nasce da dúvida entretanta de que
muita maldade eu vejo em ti
não exista realmente no teu coração.

Que inclusive não é assim
tão duro nem pesado teu olhar,
nem tão hostil a postura,
então assim enquanto eu vou parando,
para respirar.

Para que eu quisesse sentar
no chão,
para que eu quisesse descansar,
e talvez chorar,
por tanta energia gasta
num engano tão convincente.



Francisco Vieira
21/08/2011

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Danos, Panos, Manos




O óleo se escorrre
da tua face
no momento em que eu mais preciso dela,
do seu olhar,
da certeza erigida
na visão exata que imagino ser
sem a gordura que pinga das dobras da tua cara.

Pau de ferro, bem-te-vi,
faca-cega, lima, peru - brucutu:
“a imagem do cruzeiro resplandece” no centro do cemitério
- por sobre onde a pomba pisa.
Onde ali ela defeca.
E voa,
para fins mais
imprevisíveis.



Francisco Vieira

17/08/2011



Imagem disponível em http://tinyurl.com/3u4uzbt em 17/08/2011