terça-feira, 13 de março de 2007

Açúcar, Leite e Cangica Branca

À hora cheia, o menino dibica sua pipa no ar, contra o fundo azul do céu, em frente a igreja, cheio de amor, sem camisa mas calçado, quando chega aquele homem, vestido com primor no seu talhado terno gelo, a camisa amarela, um cravo na lapela, mas, descalço: ao vê-lo, o menino prende o carretel de linha num prego na santa parede cor-de-rosa, e de olhos baixos corre dali. A pipa verde, mistura de céu e sol, agora plana suavemente contra o vento voraz e, ao chegar a casa, o menino descalça-se e solta a pomba branca presa na arapuca. Então o homem continua sua caminhada, descendo a ladeira, agora calçado, sem ver a linha desenroscar-se do prego e levar pro céu o carretel ordinário, feliz viajante, de carona, em busca de estrelas.



Francisco José