De mim não tenho nada
- nem pra mim...
A poça que deixo no chão
São lágrimas espúrias, desprezíveis
- eu em si sou todo desprezível,
Quanto mais aquilo que de mim produzo...
Não tenho mãe que me ame...
Nem pai que me acompanhe...
Que nem se interessa pelos meus dias
Que são assim, espúrios
-como tudo que produzo...
Inclusive o vômito daquilo que não como
Daquilo que eu não tenho
-não amigos, nem bem que me trate,
Sem amor, sem ódio, sem reclames,
Sem nada que seja digno de um ser ter...
Pra que sou então?
Réptil miserável, odioso torto e deformado
Sem pai que se me preocupe
Sem mãe que me reconheça
Sem amor, sem amor...
Sem nada do mundo...
Francisco José
04/05/69
(véspera de meu aniversário)