sábado, 18 de setembro de 2010

Zeelia




Eu não quero mais amar a flor,
que se escapole do cálice depois de tempos aberta,
porque se dá longamente ao sabor da brisa,
que se brinca dela desconjunta enquanto vai ao chão...

Eu não quero mais amar a flor,
cujos veludos se escondem mais escuros,
e da timidez das suas reentrâncias e concavidades perfumadas
conclamam abelhas excitadas de desejos luxuriantes...

Eu não quero amar a flor,
que aromatiza as gotas de orvalho sobre suas pétalas,
só por brincadeira, por criatividade, por investimento,
e que soltam no ar os perfumes recolhidos em cada bordado sensorial...

Eu quero amar a flor,
essa criatura diáfana e aquosa, tecida em perfume e maciez,
que me espanta a tristeza e me põe pleno e feliz, radiante,
mas que se solta a alma em essência, suavidade e carmim...




Francisco Vieira
19/09/10