quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Delfinópolis IV


Futuro


À Minisa Napolitano



Existe aquele momento pequeno em que ficas jogado no ar,
e cais na sela que sustenta teu corpo frágil, mole, nu,
até que o cavalo pouse novamente no chão íngreme e pedregoso da descida feroz,
que em vão tentas enxergar na escuridão viscosa, por onde és levado,
quando geralmente a pedra onde ele fixará a pata,
antes do próximo passo, não é aquela que escolherias,
entre a tontura do trote vigoroso, quiçá de lado, escorregando,
dentro da insegurança da queda e a força do lombo que te sustenta.

Nessa inevitabilidade, simplesmente soltas o corpo, de olhos fechados,
respirando, abdicando do medo e cedendo ao prazer, e abrindo-os novamente,
desejosos de conhecerem o caminho, o cavalo retribuirá com mais dança
a liberdade que dás a ele.


Francisco Vieira
06/09/10

Um comentário:

Asinim disse...

Seguir livre, mesmo sem saber pra onde vamos, mas sempre irmos, disparados, assim pela vida, só sentindo a velocidade com que o vento nos toca a face e só parar qdo realmente sentimos vontade.