segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Terra





E você que nunca ardeu,
de que valeu guardar o corpo pra mim,
que o consumirei
lenta
e dolorosamente,

Que junto com meus escaravelhos penetraremos fundo suas carnes,
corroendo,
despindo-lhe até os ossos de um corpo que você achou que era seu,
como pode lhe negar amor, vida, movimento, graça?

Por que você destruiu o monumento que eu própria ofertei?


Francisco Vieira
29/11/10

Um comentário:

Anônimo disse...

Como é saboroso apreciar a crueldade irônica da terra personificada ao zombar de sua criatura, da qual vai se alimentar, à qual deu vida e se privou dela... De que adiantou não viver? Não gozar os prazeres, não arder, nao ser humano? Agora o que restará da criatura?

André Gonçá