sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Contato





Sou solúvel, é meu destino,
dissolver-me nas crenças do menino.
Não espero nem desespero,
desesperar é esperar.

Antes porém do contato dissolvente,
eu já desaprovava o desgosto da dissolução,
confundido no meio líquido da dor,
liquefeito, desparticularizado, neutro.
Estado confuso, homogêneo, então simples,
na vida comum dos meios fios, meios solventes.
Detergente. Água com óleo digerido.
Assim brindo sem entusiasmo minha taça,
volvo à sacada e, retido pela murada,
derramo o conteúdo borbulhante na calçada.



Francisco Vieira
30/12/04

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