quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Balloons






E se perpetra o crime de aprisionar Hélio
num compartimento de borracha colorida, com muito cheiro,
se amarra um cordão na ponta dos mesmos, sob o nó,
e com esse sequestro se comemoram acontecimentos e datas festivas.

Acontece que tal material torna-se poroso, ou pela presão,
que o estica ao ponto de se romper em alguns pontos distintos,
ou se os átomos vão cavando por si só janelas no látex,
e o Hélio vai se escapando, por entre nitrogênio e hidrogênio,
subindo à estratosfera, lugar onde, definitivamente, mora.

Porém se alguma criança, mesmo adulto, liberta o cilindro pelo ares,
o gás inteiro entra na velocidade junta de todos unidos em pressão,
e se alça cortando o ar vulgar que o aprisiona nas profundidades,
sem nenhum rancor, então, passa pela torre mais alta da Igreja, e beija,
já que só tem valor a ansiedade da viagem e da chegada, e a sensação
de se pertencer ao todo - não há quem não grite.





Francisco Vieira
10/02/11


Imagem disponível em http://tinyurl.com/4bxyk4x em 10/02/11

Um comentário:

Andréa Deren Destefani disse...

Se Deus chegasse para mim e me perguntasse o que eu achei de uma cachoeira que Ele fez, eu me sentiria transtornada. Não seria capaz de falar nada. Porque é com minha alma que vejo e esta não consegue colocar em palavras... Já vc meu amigo transforma a linguagem da alma num rio de palavras magnífico, que desaguam nas cachoeiras dos olhos da Oxum...Obrigada por dividir conosco. Saravá!