quarta-feira, 20 de julho de 2011

Projeto A





Talvez amanhã eu decida quem sou,
se por acaso não me distrair
correndo no campo de camomila,
deitado na sombra,
escalando uma cachoeira,
nu,
bebendo vento, bebendo água.

Pode ser que eu saiba definir-me amanhã,
não por puro clichê, que é uma convenção,
- enquando estiver pulando, eu e um cão,
um periquito, uma eventualidade,
enquanto o arco íris se exibe,
enquanto a pedra molha,
se eriçam pelos e ereções.

De qualquer maneira, continuemos
nosso incerto colóquio amanhã,
porque naquela flor,
que o beija-flor deseja,
já brotou líquida a doçura
que atrai borboletas,
abelhas e tanta alegoria!

De qualquer maneira, não sei
ceder ao teu desejo de me conhecer,
mesmo quando afirmas me conhecer,
porque nem mesmo posso validar
o teu conhecimento sobre mim.
E quando explicas tuas razões,
varrem pesadas nuvens
o frio vento da tristeza,
que sopra a boca torta da decepção,
no meu mundo cheio de espontaneidade.

Então, não tente dizer
no lugar onde eu não digo
a verdade sobre mim.
Ela não existe:
é construída dia a dia.
Deixe eu repousar na minha
desabedoria.



Francisco Vieira
20/07/2011

Imagem disponível em http://tinyurl.com/3m3nxv7 em 20/07/2011

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