terça-feira, 21 de setembro de 2010

Emeraude



Nos instantes em que nada anseia ser dito,
quando há apenas o sentimento que precisa e se quer expressar,
a receita sugere o uso das palavras com parcimônia.

Como as claras que se batem até a neve,
e que sustentam toda a leveza da mousse,
palavras servirão de veículo às ideias,
que serão sorvidas delicadamente,
e se depositarão, esperando, calma e fracionadamente,
por toda a língua, espalhando, o sabor do chocolate.

Isso, claro, quando o olhar não mais for excelente
em revelar a real paixão das intenções,
quando elas soçobram no patamar de serem inundadas
por lágrimas que chegam de saveiro, catarticamente,
quando se experimenta o crème brûlée.




Francisco Vieira
20/09/10

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