domingo, 26 de setembro de 2010

Eu não sabia que a Conceição ia me bater




Eu não preciso mais das tuas tetas para me alimentar,
eu junto coisas desconexas, desconjuntas,
para me ameaçar com a prodigalidade de um evento
díspare
que possa me transportar quilômetros daqui.

Nesse momento a vida na encruzilhada me pareceu ameaçadora,
agora que não tenho ninguém em quem me escorar,
as minhas carnes todas e as vísceras sendo arrancadas
pela força mandibular de uma fera na ânsia assassina esfomeada.

E digo que caminhei à toa, por aí, o vento no rosto e cabelos esvoaçando,
sem nenhum pudor em não ter nenhum constrangimento de não saber ao
certo
o meu destino - a procura não é o lugar onde se possa ir,
mas onde se possa estar, ficar, permancecer, independente de tudo,
que só é possível medir o valor quando despertado dentro de si do
indivíduo,

que passa a saber ao certo o que é sentir-se em liberdade...


Francisco Vieira
26/09/10

2 comentários:

André disse...

Os traumas rendem poesias, digo porque também faço isso. Metáforas, adjetivos e recursos parecidos acabam suavizando a dor e facilitando a cicatrização.

Ou não.

Anônimo disse...

A viagem é gratificante pelos encontros e desencontros. A mesmice cansa, emburrece, entedia. A dor pode ser melhor que o vazio. Aguça os sentidos.
bjo