sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Bola





Sou descrente, falei, enquanto ela,
no seu sorriso, inundava de luz.
E tem mais: sou um embuste,
enquanto ela, sorrindo, coloria o dia,
como quem enchia a tela de aquarela.
Minhas pétalas são apenas folhas modificadas,
e não têm cor, apenas respondem ao seu estímulo
(sorria, mas não era uma continuação:
um sorriso dentro do outro, como ondas)
de maneira que a todos encanto
com uma mentia cheirosa, adocicada.
Então seu sorriso morreu fundo no meu cálice.
Aceito, desabrochei tranquilo, esférico.


Francisco Vieira
22/01/05

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