domingo, 9 de janeiro de 2011

Serpente





Por que na calada da noite,
quando os astros discretos não se importam
em fazer descobrir os que se escondem sob a sombra,
tramando e observando e estudando e investigando?

Por que nos silêncios argênteos, por entre as frestas,
entre as dúvidas e hesitações das gentes de bem,
por que para surpreender, por que pelas costas,
por que mentir, por que insinuar, por que manipular?

A verdade, só e única, é a luz que te afugenta, rápida,
para os buracos do subsolo, para as solitárias alcovas de terra,
onde te guardas dos olhares curiosos, que o teu desamor
atrai, por te fazer tão repulsivo e vil.

A verdade é o sol brilhante que te impusera
o retiro para a clandestinidade da tua miséria consentida,
onde te rastejas a própria forma quase humana,
impulsionado por culpa tão implacável e insana.




Francisco Vieira
10/01/11

Um comentário:

Jane Di Lello disse...

Olá Príncipe!
Apesar de você não ter me apresentado seu Blog, estou feliz por descobri-lo, achando tanto ele como suas palavras totalmente enigmáticos + belos.
Parabéns, seu poder com as palavras, e este enigma que sabe usar tão bem, encantara-me.
BeiJanes neste coração lindo.
Jane Di Lello.